Saída de campo na Serra da Estrela revela dinamismo e resiliência da comunidade local

Nov. 04. 2022

 

No dia 27 de outubro de 2022, o Centro PINUS e o Centro de Competências do Pinheiro-Bravo organizaram, em parceria com o Baldio de Verdelhos, a Baladi e a FlorestGal, a visita de campo “Estratégias de Gestão de Pinhal”. 

 

Esta visita contou com 60 participantes provenientes de 20 organizações e já se encontrava previamente agendada com o objetivo de dar a conhecer bons exemplos de gestão em pinhal. 

  

Com a ocorrência dos incêndios que afetaram este verão a região da Serra da Estrela, as áreas selecionadas para a visita foram parcialmente afetadas, confrontando todos os agentes do setor florestal com o sentimento de impotência de que, em situações extremas, mesmo as áreas com gestão ativa podem estar vulneráveis a incêndios de grandes dimensões.

 

Ainda assim, o Centro PINUS, juntamente com os parceiros, decidiu manter a visita de campo com o objetivo de dar a conhecer, também, o bom exemplo de reação após os incêndios e de gestão comunitária do Baldio de Verdelhos (Covilhã) que, com cerca de 2 200 hectares, tem no pinhal a mais importante fonte de receita e de dinamização da economia local, assegurando 10 postos de trabalho diretos e dezenas de outros indiretos.  

 

Da parte da manhã, foi possível testemunhar o dinamismo e a ação imediata deste Baldio após o incêndio. David Martins, presidente do Conselho Diretivo do Baldio de Verdelhos, contextualizou e mostrou no local as medidas de prevenção da erosão do solo e de conservação das linhas de água em curso, tais como mulching com palha, sementeiras de centeio e a deposição de materiais localmente disponíveis, como a madeira ardida e sobrantes de exploração florestal, em áreas estratégicas.  

 

A autonomia deste Baldio permitiu o início das ações de estabilização de emergência imediatamente após o incêndio e antes das primeiras chuvas, o que lhes permitiu minimizar o impacto no principal ativo daquela comunidade: o solo.  A mesma autonomia, permitiu o início imediato da venda da madeira de pinho ardida, permitindo a sua valorização para serração que, regra geral, deve ser escoada até 4 meses após o incêndio.

 

O impacto positivo da iniciativa do Baldio de Verdelhos estende-se aos proprietários vizinhos do baldio que beneficiam da dinâmica existente para comercializarem madeira proveniente de pequenas parcelas que, dada a sua dimensão, dificilmente viabilizariam uma operação de exploração florestal. 

 

Com as receitas provenientes da venda da madeira, o Baldio de Verdelhos irá reinvestir na recuperação dos ativos florestais, como por exemplo, na condução da regeneração natural de pinhal-bravo que ocorrerá na maioria do baldio.

 

Durante a visita, foi inevitável uma reflexão conjunta sobre o futuro daquele território. Para David Martins, a compartimentação com folhosas, áreas de pastagem e centeio era uma estratégia que o baldio já tinha dado início e que terá continuidade, mas o porta-voz do Baldio de Verdelhos não tem dúvidas, conhecendo o terreno como ninguém, que o pinheiro-bravo é a única espécie florestal bem-adaptada à maior parte da área do baldio que gere, estando convicto que a plantação de folhosas, em certos locais, não terá sucesso. 

 

Durante a tarde, a visita foi conduzida em Famalicão da Serra (Guarda) por António Nora, Diretor Florestal da FlorestGal, na área gerida pela empresa pública de gestão e desenvolvimento florestal.  

 

Os participantes ficaram a conhecer as ações de gestão florestal implementadas antes dos incêndios e assistiram a algumas das medidas de gestão pós-fogo com o objetivo de recuperar a biodiversidade de povoamentos plantados nos anos 80. Estes são constituídos por pinheiros bravo, silvestre e larício, pseudotsuga, carvalhal, souto e outras espécies. 

 

A presença do ornitólogo Luís Gordinho permitiu contextualizar a instalação de caixas-ninho no pinhal. Esta solução pretende compensar a perda de habitats e fixar algumas espécies da avifauna que contribuem para a atenuação do impacto de pragas associadas aos incêndios, de que são exemplos espécies como o chapim de crista, o chapim carvoeiro ou o chapim-azul. 

 

Esta saída de campo foi participada por um grupo diversificado e reuniu gestores de pinhal de entidades públicas e privadas, nomeadamente técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, órgãos gestores de baldios, técnicos florestais dos municípios da Covilhã e da Guarda, organizações de produtores florestais, um representante da ESAV-IPV - Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu, empresas prestadoras de serviços silvícolas e de consultoria, consumidores de madeira de pinho e, também, a Associação de Amigos da Serra da Estrela e a Rewilding. 

 

Consulte aqui o relatório completo da visita de campo "Estratégias de Gestão de Pinhal"

 

Se não teve oportunidade de participar nesta saída de campo, siga o canal de Youtube do Centro PINUS e veja aqui o vídeo com os depoimentos dos parceiros deste evento. 

 

Iremos publicar na rubrica “PINUS TV” uma vídeo-reportagem sobre este evento com entrevistas aos participantes e representantes das entidades parceiras.  

 

 

 

 


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